quinta-feira, 28 de maio de 2009

















OS SERRANOS

Composição: José Claudio Machado

Reculutando a potrada
pôr as varas da mangueira
no bate patas do campo
só ficam vultos e poeira

São gritos de bamo cavalo
toca-toca, era-era

Entre potros que amansei
que sentei meu lombilho
foram baios e ruanos
sebrunos e douradilhos
já quebrei muitos tubianos
alazão, preto, tordilho
de vinagre até o negro
todos pêlos eu encilho
gateados e lobunos
zaino também domei
um rosilito prateado
em malacaras andei

Arrucinei um bragado
um overo negro, um rosado
um chuta branco melado
e um picaço pata branca
que por sinal desconfiado
especial vai o gateado
que nunca deixou-me a pé
um tostado bico branco
tropiei muito em pangaré
um colorado cabano
um azulego mui feio
que, às vezes, em volta do rancho
deixava mascando freio
só me falta um potro mouro
que é pra sentar meus arreios

Uma Boa Quinta-Feira!!! Abraço

quarta-feira, 27 de maio de 2009

"ARAPUCA"






















Arapuca

Arapuca (arataca ou urupuca) é um artefacto,

de origem indígena no Brasil, que consiste numa armadilha,

feita de paus, com formato piramidal, e destinada a pegar vivos aves,

pequenos mamíferos, ou outros animais de caça

Confecção da estrutura

A estrutura é feita como uma gaiola de paus,

que vão ficando cada vez menores na parte superior,

em geral amarrados com barbante ou arame,

em superposição das camadas em sentidos paralelos.

Armar a arapuca

A expressão, de largo uso no Brasil (tema inclusive de uma música brega),

refere-se à técnica de colocar o disparador da armadilha num local apropriado,

onde o caçador sabe ser a passagem da presa ou seu habitat preferencial,

junto a pequenas iscas (como sementes, pedaços de pão, etc.).

O disparador consiste numa tabuinha que, ao ser pressionada

pelo peso do animal faz com que a vareta que segurava erguida a estrutura caia,

derrubando esta consigo e segurando o animal em seu interior,

até a chegada do caçador.

Quando o animal encontra-se em posição,

o disparador é acionado pelo seu peso,

fazendo cair sobre si a estrutura piramidal,

impedindo-lhe a fuga - em geral o disparador fica oculto

por uma camada de folhas secas e terra, do próprio

local onde está sendo armada,

para não gerar desconfiança da vítima.


Uma Boa Quarta-Feira!!!Abraço

sexta-feira, 22 de maio de 2009

"BATENDO ÁGUA"


Meu poncho emponcha lonjuras batendo água
E as águas que eu trago nele eram pra mim
Asas de noite em meus ombros sobrando casa
Longe "das casa" ombreada a barro e capim

Faz tempo que eu não emalo meu poncho inteiro
Nem abro as asas da noite pra um sol de abril
Faz muitos dias que eu venho bancando o tino
Das quatro patas do zaino pechando o frio

Troca um compasso de orelhas a cada pisada

No mesmo tranco da várzea que se encharcou
Topa nas abas sombreras, que em outros ventos

Guentaram as chuvas de agosto que Deus mandou

Meu zaino garrou da noite o céu escuro
E tudo o que a noite escuta é seu clarim
De patas batendo n'água depois da várzea
Freio e rosetas de esporas no mesmo trim

Falta distância de pago e sobra cavalo
Na mesma ronda de campo que o céu deságua

Que tem um rumo de rancho pras quatro patas

Bota seu mundo na estrada batendo água

Porque se a estrada me cobra, pago seu preço

E desabrigo o caminho pra o meu sustento

Mesmo que o mundo desabe num tempo feio
Sei o que as asas do poncho trazem por dentro

Luis Marenco Composição: Gujo Teixeira

Um Bom Fim de Semana!!! Abraço

quinta-feira, 21 de maio de 2009

"VETERANO"


Está findando meu tempo,
A tarde encerra mais cedo,

Meu mundo ficou pequeno
E eu sou menor do que penso.
O bagual tá mais ligeiro,
O braço fraqueja as vezes
Demoro mais do que quero
Mas alço a perna sem medo.

Encilho o cavalo manso,
mas boto o laço nos tentos,
Se força falta no braço,
Na coragem me sustento.
(Se lembra o tempo de quebra
A vida volta prá traz
Sou bagual que não se entrega,
Assim no mais.)

Nas manhãs de primavera

Quando vou para rodeio,
Sou menino de alma leve
Voando sobre o pelego.
Cavalo do meu potreiro
Mete a cabeça no freio.

Encilho no parapeito,

Mas não ato nem maneio.

Se desencilha o pelego
Cai o banco onde me sento,

Água quente de erva buena,
para matear em silêncio.

Neste fogo onde me aquento,
Remôo as coisas que penso,

Repasso o que tenho feito,
Para ver o que mereço.

Quando chegar meu inverno,

Que me vem branqueando o cerro,
Vai me encontrar venta-aberta

De coração estreleiro.
Mui carregado dos sonhos,
Que habitam o meu peito

E que irão morar comigo
No meu novo paradeiro.

Leopoldo Rassier

Composição: Antônio Augusto e Ewerton Ferreira


Uma Boa Quinta-Feira!!! Abraço

terça-feira, 19 de maio de 2009

"CARREIRA DE CANCHA RETA"


A carreira foi o esporte e o jogo de preferência do homem do pampa.

Fazia parte tanto de negócios que envolviam grandes somas de dinheiro como das brincadeiras telúricas.

Os ginetes, em pleno campo, se desafiavam. Muitas vezes, no retorno das campeiradas, tiravam cismas de quem possuía o cavalo mais rápido. Todavia, no geral, "atavam" carreiras para datas específicas, geralmente aos domingos.

Nos primeiros tempos, as carreiras eram disputadas com os cavalos de trabalho, os CRIOULOS. Esses eqüinos, de origem ibérica possuíam grande predominância de sangue árabe. Com o passar dos séculos, foram apurados e terminaram se definindo como raça específica do Cone Sul e muito valorizada nas atividades de pastoreio.

Os carreiristas sempre preferiam a "cancha reta", de metragem não muito longa. O percurso podia ser de 260 a 400 metros. Com o hábito das carreiras e invariavelmente com o volume de dinheiro envolvido no jogo, a atividade também se transformou em negócio. A paixão de muitos homens pelas carreiras provocou a perda de grandes fortunas: rebanhos e até estâncias. Conta-se que os gaúchos chegavam a apostar as próprias mulheres.

Participar com certa garantia de sucesso significava preparar apropriadamente os cavalos. Dessa forma, apareceram duas especialidades vinculadas às carreiras: a do compositor e a do jóquei.

Carreiras!...Meninos e moços velhos,
Não perdem tal festa, não perdem carreiras!
E a par das apostas pequenas ou grandes,
Apostam-se olhadas às moças faceiras.

(Bernardo Taveira Júnior, Provincinos, 1886)


Carreira de cavalo. Cancha reta. 1820.
Detalhe da aquarela de Emeric Essex Vidal.

Até hoje, no pampa, chama-se o treinador de cavalo de "compositor". Eles definiam os alimentos e os exercícios básicos dos animais. Alimentavam-nos com milho e alfafa fenada. Aplicavam-lhes banhos. Treinavam arrancadas e corridas para deixá-los fortes e velozes.

Os animais destinados às carreiras passaram a ser chamados também de parelheiros porque eram comuns as disputas feitas entre dois animais, em parelhas. Quando corriam em maior número, chamavam a carreira de "penca", ou califórnia. Ir às pencas, no Sul, significava, ainda, ir até onde ocorriam as carreiras.


Passeio de domingo, 1865
Detalhe de óleo sobre tela de León Palliere.

Nos dias de "carreira atada", os CRIOULOS chegavam cabrestrados, cobertos de lindas capas, no geral, coloridas. Todavia, fazia parte da picardia dos jogadores "enfeiarem" os cavalos, sujando-os, desfigurando-lhes os rabos, dando-lhes certo visual de pangarés, para que os adversários não percebessem seus reais valores.

Nas carreiradas, os habitantes da região tomavam conta dos dois lados da cancha. E, ali, passavam o dia. Os bolicheiros armavam ramadas para vender bebidas e comidas. Assava-se churrascos. Aproveitava-se para rever conhecidos, saber das notícias e, nesse ambiente de jogo e convívio social, os jovens aproveitavam para os namoros.

De preferência, as canchas eram trilhadas nas várzeas, com árvores para a sombra e lenha para o fogo, e com um rio ou um arroio correndo perto.

Além das carreiras contratadas com antecedência, os donos de parelheiros se desafiavam em plena cancha. Costumeiramente, alguém quando acreditava na imbatividade de seu cavalo, fazia-o desfilar, gritando: "Sem reserva!", isto é, na linguagem carteirista ele estava disposto a correr contra qualquer animal naquele momento, e a aposta não tinha limite.

As regras não eram muitas. Geralmente, tinham-se maiores cuidados na arrancada. Como a "pista" era curta, o que melhor arrancasse poderia levar vantagem. Os "juízes da partida" utilizavam um laço ou uma bandeira para dar a largada. No final da cancha, ficavam os "juízes da chegada". Um cavalo podia vencer por um pequeno detalhe: "de orelha".

As vantagens eram classificadas conforme a parte do corpo do ganhador ao passar pela baliza de chegada antes do perdedor. Assim, "ganhar de fiador" significava vencer pela diferença da cabeça, pois o "fiador" é a parte do buçal que passa atrás das orelhas e na conjunção com o pescoço. As outras medidas consagradas até hoje são: "de paleta", "de meio corpo", "de virilha". Ganhar "de luz" significava passar à frente do perdedor, sem que este cobrisse qualquer parte do vencedor.

Esses parâmetros ainda hoje são adotados em regiões da campanha.

As carreiras, as apostas eram depositadas em mãos de pessoas respeitáveis ou diretamente feitas em "campo aberto". Nesse casos os apostadores botavam o dinheiro no chão, e o vencedor juntava.

O povo também se divertia nessas festas. O público se alegrava com carreiras de petiços, animais lerdos, burros empacadores e manhosos.

Só no final do século XIX é que a corrida européia, de raias em círculo, foi adotada no Rio Grande do Sul. E, assim mesmo, apenas nas cidades.

Na campanha - e em muitos hipódromos especializados na modalidade - permaneceram as carreiras de cancha reta.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

'PALETEADA"


Consiste em 2 cavaleiros arremessarem seu cavalo contra uma rês, impedindo-a de correr, quando isto acontece um dos cavaleiros atira-se do cavalo, derruba o animal (gado) e procura imobiliza-lo maneando suas patas, muitas vezes para marcação ou castração.

"PALETEADA"


Vem se escor
ando no freio
se enforcando na peiteira
e quase que se debruça

No grito de upa e se foi

Meu gateado "frente aberta"
"Brazino"nas quatro patas

Dever
eda se desata
E se acolhera com o boi

Num mouro marca de "H"
O "Junico" me faz costado

E o osco canela fina

Se para cheio de assombro,
Meu gateado vem por cima
E mouro não frouxa um tento
e o osco espragueija o vento
quando lhe cuspo no lombo.

Grito a grito, peito a peito;

"Repontemo" até o rodeio

Este matreio teimoso
Que refugou na picada,
De à cavalo eu não refugo

Embora o tempo desabe
E o mais matreiro ja sabe
Que me gusta a paleteada.


Paleteada é lida bruta
Nascida nas "escaramuças"
Quando se apartavam tropas
Em "Machaços" atropelos
A encontro e bico de bota
Tirava o boi do refugo
Que reboleava o sabugo

Na direção do sinuelo.

César Oliveira & Rogério Melo

Um Bom Fim de Semana!!! Abraço

quinta-feira, 14 de maio de 2009

"HINO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL"


Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o 20 de Setembro
O precursor da liberdade

Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo

Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

Composição: Letra: Francisco Pinto da Fontoura

Música de: Joaquim José de Mendanha

Esse é o Hino meu estado!!!Uma Boa Quinta-Feira

Abraço

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"O CAVALO CRIOULO NO BRASIL"




O berço do cavalo Crioulo é o sul do Brasil, fronteira com o Uruguai e,são criados na região do Rio Grande do Sul.

É uma variedade da raça crioula da América latina. Como os outros cavalos deste continente, ele é produto da mistura de raças de origem africana (cavalo árabe primitivo) e européia.

Para o cavalo crioulo do Brasil, as duas origens étnicas são equilibradas. Herdou do cavalo árabe sua altura que raras vezes ultrapassa 1,50 m, sua cabeça é de corte triangular, seu perfil ligeiramente convexo e reto, suas orelhas curtas e bem separadas, sua garupa pouco inclinada e seu caráter ativo. Do seu antepassado europeu, herdou sua crina abundante, seu aspecto pequeno, porém forte e sua tranqüilidade.

Sua descendência árabe é bem marcante


Uma Boa Quarta-Feira a todos Amigos.Abraço

terça-feira, 12 de maio de 2009

"NÃO ACREDITO"



O cara passou o dia pescando e bebendo, mas só pegou meia dúzia de peixinhos. Quando estava voltando viu um espantalho com os braços abertos e, chumbado, gritou:

-Não me venha com essa! Duvido que voce tenha pego um peixe desse tamanho!!!


Uma Boa terça-feira a todos amigos!!! Abraço

segunda-feira, 11 de maio de 2009

"TERTÚLIA"


Uma chamarra uma fogueira
Uma chinoca uma chaleira
Uma saudade, um mate amargo
E a peonada repassando o trago
Noite cheirando a querência
Nas tertúlias do meu pago.

Tertúlia é o eco das vozes perdidas no campo afora
Cantiga brotando livre novo prenúncio de aurora
É rima sem compromisso julgamento ou castração
Onde se marca o compasso no bater do coração.



É o batismo dos sem nome rodeio dos desgarrados
Grito de alerta do pampa tribuna de injustiçados
Tertúlia é o canpo sonoro sem fronteira ou aramados
Onde o violão e o poeta podem chorar abraçados.

Música: Leonardo

Uma Boa Semana a todos amigos(a)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

DANÇAS TRADICIONAIS GAÚCHAS






Danças Tradicionais Gaúchas

revelam tradição gaúcha

e são patrimônio Simbólico do Estado



















Tradição é a memória cultural de um povo.

É um conjunto de idéias, usos, memórias,

recordações e símbolos conservados pelos tempos, pelas gerações,

transmitidos de pais para filhos.


Inspirado neste legado mantido pela família

e que conserva valores culturais e peculiares do povo gaúcho,

o deputado Osmar Severo prestigia nossos hábito

s e costumes no seu novo projeto de lei.

Desta vez o patrimônio simbólico gaúcho que pretende ser preservado

pelo parlamentar é o Conjunto de Danças Gaúchas.


No Projeto de Lei que acabou de ser protocolado,

as danças tradicionais gaúchas, suas respectivas músicas e letras,

deverão ser reconhecidas como integrantes do patrimônio cultural do Estado.


São danças tradicionais gaúchas o Anu, o Balaio, a Cana Verde,

o Caranguejo, o Chico Sapateado ou Cuiquinho, a Chimarrita,

a Chimarrita Balão, o Chote Carreirinho, o Chote de Sete Voltas,

o Chote de Duas Damas, o Chote de Quatro Passi, o Chote Inglês,

a Havaneira Marcada, o Maçanico, a Meia Canha (polca de relação),

o Pau de Fitas, o Pezinho, o Queromana, a Rancheira de Carreirinha,

o Rilo, a Roseira, o Sarrabalho, o Tatu, o Tatu de Volta no Meio e a Tirana do Lenço.


As músicas, as letras e as coreografias das danças tradicionais gaúchas

estão definidas nas obras publicadas e adotadas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho – MTG.


Um Bom Fim De Semana a todos os amigos e tradicionalistas...Abraço

quinta-feira, 7 de maio de 2009

"O TURFE NA CIDADE DE RIO GRANDE-RS"

O turfista Rio Grandino, conhecido por sua imensa paixão aos cavalos e as corridas, tenta de todas as formas manter vivo este esporte que já foi tradição em nossa cidade.
Em seu grande auge os valores apostados num domingo, superava até o Jockey Club de Porto Alegre por exemplo.
Hoje em dia para matar a saudade de corridas em Prado, o turfista Rio Grandino vai até o Hipódromo da Tablada em Pelotas. Onde as apostas crescem cada vez mais graças aos Rio Grandinos.

O que restou do jockey é nada mais que entulhos e paredes depredadas, como mostra a foto abaixo.


A VIDA DE UM JÓQUEI....


Ser jóquei não é uma tarefa muito fácil, embora todos são, exercerem porque gostam da profissão, é um esporte bem arriscado. São menos de 54 quilos acima de um animal de mais de 500 por exemplo.
Converso e vivo no meio de muitos deles, e eles adoram o que fazem e ressaltam.
“A adrenalina é única e como se ter o mundo em apenas 4 patas.”
O disco de chegada é a meta de cada um, e quando se chega em 1º lugar o dever de tarefa comprida dá uma sensação de alegria inexplicável.
A vida também não é muito fácil, porque não se trabalha somente o dia que as corridas ocorrem.
Tem todo um trabalho durante a semana com o animal.
Um membro muito importante também para o jóquei e o animal e o treinador. Eles trocam informações importantes para aperfeiçoar um cavalo.

Agradecimento a minha amiga Juliana Freitas esposa do Jóquei D. R. Freitas pelas fotos e a matéria
enviada para o meu Blog. Vlw e muito sucesso para vcs.
Um Bom Dia a todos amigos(a)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

"UM CERTO TIRO DE LAÇO"



Vinha fechando um palheiro sem descuidar do fiador

Quando um boi refugador que tranqueava gavionando

Foi pouco a pouco tenteando querendo o mundo

Facilitaram na ponta e alçou a cola disparando

Levei as "tampa" num zaino que saltou arrancando grama

Se não se esmaga na cama se dá serviço prá o laço

Foi se encurtando o espaço entre a mula e o cavalo

Pra honrar o pago que falo só me restava meu braço

E assim a toda a carreira eu armei o quatro tentos

Firmando meu pensamento no terreno e no alambrado

Se ele salta pro outro lado nunca mais que nos topamos

Que vergonha pra um "paysano" uma tropa faltando gado

Já quase em riba da cerca empurrei o doze braças

Que cerrou justo nas aspas quando o boi ia no ar

Pra aprender a não refugar caiu de volta de lombo

Pois quando o destino é um tombo se pensa pra disparar

Quem não quiser acerditar por mim que não acredite

Mas que nunca facilite um boi gavião e matreiro

Nem sempre o pulso é certeiro e o pingo é solto de pata

Tem laço que se desata com fama de macegueiro

Joca Martins

Um Bom Fim de Semana!!! Abraço a todos Laçadores do

meu Rio Grande do Sul.

terça-feira, 5 de maio de 2009

"QUE DIACHO! EU GOSTAVA DO MEU CUSCO "


Que diacho! Eu gostava do meu cusco..
Entendo. Envelheci entendendo.
Bicho não tem alma, eu sei bem,
mas será que vivente tem?

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Era uma guaipeca amarelo,
baixinho, de perna torta,
que me seguiu num domingo,
de volta de umas carreira.

Eu andava abichornado,
bebendo mais que o costume,
essas coisa de rabicho, de ciúme,
vocês me entendem? Ele entendeu.

Passei o dia bebendo
e ele ali no costado
me olhando de atravessado,
esperando por comida.

Nesse tempo era magrinho
que aparecia as costela.
Depois pegou mais estado
mas nunca foi de engordá.

Quando veio meu guisado,
dei quase tudo prá ele.
Um pouco, por pena dele,
e outro, que nesse dia,
só bebida eu engolia
por causa dos pensamento.

Já pela entrada do sol,
ainda pensando na moça
e nas miséria da vida,
toquei de volta prás casa
e vi que o cusco magrinho
vinha troteando pertinho,
com um jeito encabulado

Volta prá casa, guaipeca!
Ralhei e ralhei com ele.
Parava um pouco, fugia,
farejava qualquer coisa,
depois voltava prá mim.
O capataz não gostou,
na estância só tinha galgo,
mas o guaipeca ficou.

Botei-lhe o nome de sorro,
as crianças, de brinquinho,
mas o nome que pegou
foi de guaipeca amarelo.

Mas nome não é o que importa.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Ficou seis anos na estância.
Lidava com gado e ovelha
sempre atento e voluntário.
Se um boi ganhava no mato,
o guaipeca só voltava
depois de tirá prá fora.

E nunca mordeu ninguém!
Nem as índia da cozinha
que inticava com ele.
Nem ovelha, nem galinha,
nem quero-quero, avestruz.
Com lagarto, era o primeiro
e mesmo pequininho
corria mais do que um pardo.

E tudo ia tão bem...
Até que um dia azarado
o patrãozinho noivou
e trouxe a noiva prá estância.

Era no mês de janeiro,
os patrão tava na praia,
e veio um mundo de gente,
tudo em roupa diferente,
até colar, home usava,
e as moça meio pelada,
sem sê na hora do banho,
imagino lá no arroio,
o retoço da moçada.

Mas bueno, sou d'outro tempo,
das trança e saia rodada,
até aí não tem nada,
que a gente respeita os branco,
olha e finge que não vê.
O pior foi o meu cusco,
que não entendeu, por bicho,
a distância que separa
um guaipeca de peão
da cachorrinha mimosa
da noiva do meu patrão.

Era quase de brinquedo
a cachorrinha da moça.
Baixinha, reboladera,
pêlo comprido e tratado,
andava só na coleira
e tinha medo de tudo,
por qualquer coisa acoava.

Meu cusco perdeu o entono
quando viu a cachorrinha.
E lhes juro que a bichinha
também gostou do meu baio.
Mas namoro, só de longe
que a cusca era mais cuidada
que touro de exposição.

Mas numa noite de lua,
foi mais forte a natureza.
A cadela tava alçada
e o guaipeca atrás dela
entrou por uma janela
e foi uma gritaria
quando encontraram os dois.

Achei graça na aventura,
até que chegou o mocito,
o filho do meu patrão,
e disse prá o Vitalício
que tinha fama de ruim:
Benefecia o guaipeca
prá que respeite as família!
Parecia até uma filha
que o cusco tinha abusado.

Perdão, lhe disse, o coitado
não entende dessas coisa.
Deixe qu'eu leve prá o posto
do fundo, com meu compadre,
depois que passá o verão.
Capa o cusco, Vitalício!
E tu, pega os teus pertence
e vai buscá o teu cavalo.

Me deu uma raiva por dentro
de sê assim despachado
por um piazito mijado
e ainda usando colar.
Mas prometi aqui prá dentro:
mesmo filho do patrão,
no meu cusco ninguém toca.
Pego ele, vou m'embora
e acabou-se a função.

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Campiei ele no galpão,
nos brete, pelas mangueira
e nada do desgraçado.
No fim, já meio cansado,
peguei o ruano velho
e fui buscá o meu cavalo.

Com o tordilho por diante,
vinha pensando na vida.
Posso entrá numa comparsa,
mesmo no fim das esquila.
Depois ajeito os apero
e busco colocação,
nem que seja de caseiro,
se nã me ajustam de peão.
E levo o cusco comigo
pois foi o único amigo
que nunca negou a mão.

Nisso, ouvi a gritaria
e os ganido do meu cusco
que era um grito de susto,
de medo, um grito de horror.
Toquei a espora no ruano
mas era tarde demais.
Tinham feito a judiaria
e o pobrezinho sangrava,
sangrava de fazê poça
e já chorava fraquinho.

Peguei o cusco no colo
e apertei o coração.
O sangue tava fugindo,
não tinha mais esperança.
O cusco foi se finando
e os meus olho chorando,
chorando que nem criança.

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Nessa hora desgraçada
o tal mocito voltou
prá sabê pelo serviço.
Botei o cusco no chão,
passei a mão no facão
e dei uns grito com ele,
com ele e com o Vitalício!

Ele puxô do revólver
mas tava perto demais.
Antes que a bala saísse,
cortei ele prá matá.
Foi assim, bem direitinho.
Eu não tô aqui prá menti.
É verdade qu'eu fugi
mas depois me apresentei.
Me julgaram e condenaram
mas o pior que assassino,
foi dizerem que o motivo
era pouco prá o que fiz...

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Odilon Ramos

Composição: Alcides Vargas Chiuchi

Uma Boa Terça-Feira a todos!!! Abraço

segunda-feira, 4 de maio de 2009

"GINETE"


Quem nasceu pra ser ginete
Tem a alma encomendada.
Fala e reza diferente,
Já sentiu o bufo quente
Da morte numa rodada.

Conhece pêlos e manhas,
Se é reiúno ou rufião.
Lombo, é banco de escola,
Tem um arzão de pachola
E sonhos de ser patrão.

Sabe os segredos das crinas
E os atáios pras virilhas.
Se imagina um Charrua,
Ou São Jorge, lá na lua
Quebrando queixo em coxilhas.

Quem nasceu pra ser ginete,
Tem o seu mundo num lombo.
Pois é, upa!, nesta lida,
Dar tiamanhã para a vida
Na incerteza de um tombo.

Quando nasce um ginetaço,
Até o céu muda de cor.
É um rincho só nas coxilhas
E no meio das tropilhas,
Dá um verdadeiro pavor.

Quem é da lida, senhores,
Conversa com as leoronas.
Não sabe o que é fastio
E marca no assovio,
O cantar das querendonas.

Quem escolheu este ofício,
Já sabe o que lhe espera.
Algum piazote chorando
Junto da mãe, que viuvando,
Reza num rancho tapera.



"Homenagem a todos Ginetes do meu Rio Grande do Sul"


Uma Boa Segunda-Feira a todos Amigos(a)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

"FELIZ DIA DO TRABALHADOR"


Viverás do suor do teu rosto
Serás do paraíso expulso
O trabalho, como sina posto
Eis a missão segue o impulso
Da terra tudo ao teu alcance
Verei na tua labuta o lance

Veio o trabalho doméstico
No lar, campo, e animais
Na terra o cultivo agréstico
Escravos ociosos não mais
Os fortes tomaram as terras
Volta à escravidão em levas

Surgiu o patrão tendo garras
O trabalhador obrigado
As mulheres como escravas
No poder vem o desregrado
Depois de lutas e glórias
A liberdade ganha vitória

Patrão e empregado lutam
Um comanda todo poder
Os servidores permutam
Reivindicam para vencer
Mas, a força do mais forte
Toma os rumos em suporte

Ambos contêm o mesmo valor
Caminham na mesma direção
O mesmo objetivo e labor
Os dois engrandecem a nação
Mas, um com farto galardão
Outro sob o cerne da obrigação

Trabalho é base do progresso
Trabalhador peça essencial
Pedra preciosa, bom apreço
Quando em pleno potencial
Parabéns, homem trabalhador
Com dignidade, serás vencedor

Sogueira

Um
Feliz Dia Do Trabalho a todoas amigos(a)s.
Abraço