sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"O FILHO DO MEU CUSCO"


O Filho do Meu Cusco

Buenas parceiro, tás querendo saber quem eu sou,
tás querendo me reconhecer?
Pois sou em mesmo, meio mudado,
alguns anos mais velho e mais judiado.
Mas sou eu.E, sabes pra onde vou e o que busco?
Pois é eu gostava do meu cusco, o que morreu.
Gostava tanto que pelêei por ele,
já lhes contei a história no que deu.
Matei por causa dele, me estrepei,
fugi,voltei, fui preso e já paguei.
O que não lhes contei pois não sabia,
é que a cusquinha que meu baio emprenhou
e foi a causa desta estripulía, ficou lá pela estância.
E lá deu cria e uma das crias um peão amigo me guadou.
Cumpri parte da pena, quatro anos,
quando por boa conduta me soltaram,
que a lei me concedeu condicional.
Saí campeando emprego e num bolicho encotrei o Patricio,
um Casteliano que logo ao me dizer."Buenas hemano"!
Atiçou-me a lembrança e a saudade e 'empessou'
a contar as novidades o que se sussedeu na minha ausência.
Por desgosto o patrão vendeu a estância e bandeou-se pra cidade.
E os novos donos ouvido os testemunhos da peonada
em minha defesa me aceitariam com certesa,
pra ser denovo um peão de confiança.
Afinal eu só me defendi naquela luta.
uma vida inteira de boa conduta sempre pesa na balança,
mas o que mais me aguçou o enterece,
foi o Patricio ter me dito que a cusquinha deu ele apartou o mais bonito,
escondeu e criou guacho.Pois sabia que mais dia,
menos dia, eu saia da prisão.
Foi o que aconteceu pois não.
Já sabes pra onde vou e o que busco
é o cusquinho o filho do meu cusco.
Diz o Patricio que ele é tal qual o pai,
vivo, ligeiro, esperto e bem disposto,
campereia faceiro que da gosto.
É um arrimo que a peonada trata como Mimo.
E que visto de longe ao lusco fusco
é como fosse a alma do meu cusco.
Mas bicho não tem alma eu sei bem.
puxa' se eu gostava do meu cusco,
do filho dele vou gostar também.
Só que eu agora sou indio mais vivido,
mais cancheiro e já não sou mais capaz de uma leviandade.
Por mais que eu vá gostar deste guaipeca
eu hoje sei o quanto vale a liberdade.
Bueno parceiro, no mais vou indo.
Vou ao tranquito sem pressa,
vou sentindo os novos ventos me abanando o velho pala,
pra mim, é nova vida que começa,
a vida livre de um homem de bem.
Até mais ver parceiro,
já sabes pra onde vou e o que busco.
'Cue puxa' se eu gostava do meu cusco.
Do filho dele vou gostar tambem.


"Odilon Ramos"

domingo, 8 de agosto de 2010


Um matiz caboclo
Pinta o céu de vinho
Pra morar sozinho
Todo o pago é pouco
Todo o céu se agita
O horizonte é louco
Num matiz caboclo
De perder de vista

Amada,
Amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada

O minuano rincha
Nas estradas rubras
Repontando as nuvens
Pelo céu arriba
O Sol poente arde
Em sobrelombo à crista
Quando Deus artista
Vem pintar a tarde

Amada,
Amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada

Um matiz de chumbo
Predomina agora
Vem chegando a hora
De encontrar meu rumo
Ao seu olhar lobuno
Mais além do poente
Onde vive ausente
Meu sonhar reiúno

Amada,
Amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada

sábado, 8 de maio de 2010

"O NEGRINHO DO PASTOREIO"


O NEGRINHO DO PASTOREIO
No tempo da escravidão havia um estancieiro (fazendeiro) muito rico, que criava bois e cavalos. Era muito mau e gostava apenas de seu filho, também maldoso, e de um cavalo baio, muito veloz. Entre seus escravos havia um menino muito obediente e trabalhador, a quem ninguém havia se dado o trabalho de dar um nome, sendo chamado de Negrinho. Montava muito bem, e era encarregado de pastorear os cavalos. O estancieiro foi, um dia, desafiado para uma corrida de cavalos por um vizinho. O escolhido obviamente foi o baio, que seria montado pelo Negrinho. Os dois cavalos eram excelentes corredores mas, no dia da corrida, sabendo que corria por sua vida, o Negrinho conseguiu impor uma certa vantagem. Quase ao término da corrida, com o baio na frente, este se assusta e empina, perdendo a corrida. Ao voltarem à fazenda, o estancieiro disse ao Negrinho que este passaria trinta dias e trinta noites pastoreando o cavalo baio e outros trinta cavalos, mas, antes de deixá-lo ir, chicoteou-o até se cansar. O pequeno escravo, louco de dor, levou os cavalos para o pastoreio e amarrou o baio. Não agüentando de dor e cansaço, adormeceu. Algumas corujas que voejavam em torno assustaram os cavalos, que fugiram. O Negrinho acordou, mas devido à cerração (neblina) não conseguiu encontrá-los. O filho do estancieiro, que gostava de maltratar o menino, viu tudo e foi contar a seu pai. O Negrinho foi novamente chicoteado sem piedade, e lhe foi ordenado que voltasse para procurar os cavalos. Voltou para o pastoreio, mancando e sangrando, levando um toco de vela. Cada pingo de cera que caía, transformava-se numa luz tão brilhante, que logo tudo ficou tão iluminado que parecia dia, tornando-se fácil reunir os cavalos. De madrugada, o filho do estancieiro, que ainda não estava satisfeito com suas maldades, soltou e espantou o cavalo baio, indo contar a seu pai que o Negrinho tinha adormecido novamente e deixado os cavalos escapar. O estancieiro deu-lhe a terceira surra de chicote, até deixar o menino como morto. Mandou jogá-lo sobre um formigueiro, para não ter que mandar enterrá-lo. O corpinho foi imediatamente atacado pelas formigas, para regozijo do filho do estancieiro. Na manhã seguinte, quando o estancieiro voltou ao formigueiro, levou um imenso susto!! O menino estava de pé, todo risonho, perto do cavalo baio e dos outros trinta cavalos. Enquanto o estancieiro olhava, o Negrinho montou no baio e partiu acompanhado dos outros cavalos, em uma nuvem de poeira dourada, e dizem que muitos já o viram passar dessa maneira.... Ele some apenas três dias por ano, para visitar o formigueiro, pois as formigas tornaram-se suas amigas. Até hoje, quando se perde alguma coisa, basta chamar pelo Negrinho do Pastoreio, que ele consegue encontrar....

sexta-feira, 19 de março de 2010

"PECADO E PAIXÃO"

Viro a mesa e mudo o jogo

Faço o coração calar


Mas meu corpo silencia

Quando te vejo passar

Diante aos olhos teus

Eu não consigo mais lutar

É pecado, é loucura

Mas eu quero te amar



Loucura e desejo

Pecado e paixão


Não tem mais jeito

Vou roubar o seu coração

Loucura e desejo

Pecado e paixão

Eu e você

Cara-a-cara com a paixão



Eu te pego no meu colo

E te levo ao paraíso

Faço dengo e te consolo

Pois perdemos o juízo

Já não sei mais o que faço

Se sou santo ou pecador

Se enfrento cara-a-cara

Ou se fujo desse amor

"TCHÊ GAROTOS"

domingo, 21 de fevereiro de 2010

" MEU MEDO"


Meu Medo

Passei a noite pensando
Pitando e tomando trago

Nesta vida de índio vago

Tenho sofrido demais


No meu jeitão queixo duro
O lombo marcado da lida
Mudo o meu jeito de vida
Por teu amor volto atrás

Sem os carinhos da china

Tenho sofrido demais

A solidão irmã gêmea da saudade

Na tua ausência apertava meu peito


Mudou meu jeito de ser
Se for paixão eu não quero padecer

Morre um amor muito cedo
Por meu medo de sofrer.

"GRUPO RODEIO"

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"FOI VOCÊ QUEM TROUXE"


Novo sucesso do Grupo Tchê Bagual em
Breve mais sucesso...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

"ALMA GAUDÉRIA"



















Dos tempos que já passaram
Das andanças que eu fazia,
Vivi horas de alegria
Que nunca vou esquecer.
E não é fácil descrever
Os lugares que passai,
Mas de todos lembrarei
Até a hora de morrer.

E talvez após a morte
Fim desta viagem gaudéria,
Minha alma sem matéria
Percorra todo o rincão.
Não vou ser assombração
`'ra não assustar ninguém,
Só quero cuidar, do além
As coisas da tradição.

Quero reencarnar sem maldade
Na mente de um trovador,
Para mostrar o valor
Do poeta não letrado
E fazer verso rimado
Ao som da gaita e violão,
P'ra mostrar que a tradição
Não morre no meu estado.

Assim esta minha alma
Viverá sempre contente,
Bebendo água em vertente
Nas cacimbas lá de fora
E quando romper a Aurora,
Quero andar na invernada
Cantando e dando risada
No tilintar de uma espora.

Quero lá de vez em quando
N'algum fandango chegar.
Ver todo mundo dançar
Com luz fraca de lampião,
E uma gaita de botão
Num xote velho largado
Desses que é sempre tocado
Em surungos de galpão.

Se no final do surungo
Alguém se desentender,
Aí é que quero ver
A destreza do peão
Pois para não ir ao chão
Tem que ser mui destemido,
Quero até ser o tinido
Da folha de algum facão.

Mas não quero ver jamais
Alguém correndo com medo,
Pois aí está o segredo
Da velha raça caudilha,
Eu quero ser a presilha
De um laço bem trançado
Quero ver ser conservado
Os ideais farroupilhas.

Se o bom velho permitir
Que eu reencarne em outro corpo,
Quero servir de conforto
P'ra alguma china manheira,
E voltar lá na mangueira
P'ra montar potro sem freio
Enfim, estar num rodeio
Ou festa de domingueira.

Assim minha alma xucra
Estará sempre presente,
Nas coisas da nossa gente
Guardadas com devoção
E quando por este chão
Surgir algo diferente,
Eu quero surgir na frente
Repontando a tradição.

Um abraço aos amigos...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

"GRITOS DE LIBERDADE"












Minuano tironeando a venta dos tauras
Relincho de baguais faíscas ao vento
O brado terrunho do punho farrapo
Num bate cascos medonho ao relento


Peleando em favor da pampa a pilcha sovada em tiras
Marcando fronteira provou lealdade
Livrando os trastes da campa na ventania rusguenta
Pranchando adaga a gritos de liberdade
Vento, cavalo, peão (marca de cascos no chão),
Fronteiras em marcação (nosso ideal meu rincão)

Em noites em que o minuano assusta os cavalos
Escuto o tropel dos centauros posteiros
Almas charruas cavalgam coxilhas
Guardando as fronteiras do sul brasileiro


Peleando em favor da pampa a pilcha sovada em tiras
Marcando fronteira provou lealdade
Livrando os trastes da campa na ventania rusguenta
Pranchando adaga a gritos de liberdade
Vento, cavalo, peão marca de cascos no chão
Fronteiras em marcação, nosso ideal meu rincão

UMA BOA SEMANA A TODOS AMIGOS!!! ABRAÇÃO