sexta-feira, 22 de maio de 2009

"BATENDO ÁGUA"


Meu poncho emponcha lonjuras batendo água
E as águas que eu trago nele eram pra mim
Asas de noite em meus ombros sobrando casa
Longe "das casa" ombreada a barro e capim

Faz tempo que eu não emalo meu poncho inteiro
Nem abro as asas da noite pra um sol de abril
Faz muitos dias que eu venho bancando o tino
Das quatro patas do zaino pechando o frio

Troca um compasso de orelhas a cada pisada

No mesmo tranco da várzea que se encharcou
Topa nas abas sombreras, que em outros ventos

Guentaram as chuvas de agosto que Deus mandou

Meu zaino garrou da noite o céu escuro
E tudo o que a noite escuta é seu clarim
De patas batendo n'água depois da várzea
Freio e rosetas de esporas no mesmo trim

Falta distância de pago e sobra cavalo
Na mesma ronda de campo que o céu deságua

Que tem um rumo de rancho pras quatro patas

Bota seu mundo na estrada batendo água

Porque se a estrada me cobra, pago seu preço

E desabrigo o caminho pra o meu sustento

Mesmo que o mundo desabe num tempo feio
Sei o que as asas do poncho trazem por dentro

Luis Marenco Composição: Gujo Teixeira

Um Bom Fim de Semana!!! Abraço